Uma peixeira é, por definição, uma pessoa que vende peixe.
Um peixeiro, um vendedor ou condutor, do mesmo. Já uma peixeirada uma popular
discussão acalorada, confusa e barulhenta. Existe, aqui, algo que não percebo dado que e como
frequentadora assídua de um conhecido mercado de Lisboa, nunca vi uma peixeira
fazer uma peixeirada. Na minha opinião, é, no mínimo, injusto este termo
'peixeirada' aparecer associado a esta que é uma profissão como outra qualquer.
As pessoas que, por norma, a fazem não é como modo de ganhar a vida, mas sim
como modo de estar na vida.
Estas são as pessoas que gostam de falar alto. Falam alto
para se ouvirem. Pessoas que precisam de palco e que, se calhar, passaram ao
lado de uma grande carreira no teatro ou no cinema. Pessoas que não falam, mas
berram. Pessoas incomodativas. Pessoas espaçosas, logo sem noção de espaço. Pessoas cujo termo 'low profile' é-lhes, totalmente, desconhecido. Pessoas que têm o dom de me apetecer, em cinco
segundos, colar-lhes a boca com uma qualquer fita adesiva e recambiá-las para
uma escola de boas maneiras que, a propósito, deveria existir, especialmente
para adultos.
Observo, este que é um fenómeno social, diariamente |e já que estamos em
pleno Verão| na praia e, por exemplo, em esplanadas. É, o chegar e juntar a mesa do lado à nossa sem pedir a mínima licença, como se fôssemos todos 'BFF's', é o colar as toalhas ao vizinho que, já lá estava e que por acaso fica |e
sem querer| a pertencer "à família", numa praia que até pode ter mais
15km de areal, é o falar como se mais ninguém estivesse à volta, é o chamar as
crianças e os membros do "clã", cujos nomes ficamos a ouvir "in repeat" o dia todo e a perceber, ainda melhor, porque é que não gostamos nada do nome "Tózé", ou que, afinal, até já não gostamos do nome "Simão" ou "Gabriel", para colocar num filho, para virem comer a sandes, ou outra qualquer iguaria típica dos areais, como se tivessem um megafone que
nasceu, por acaso, na garganta e a pessoa não se apercebeu. É todo este mix,
que me faz querer e sem pestanejar, carregar no botão "eject" e estando na praia, mudar de lugar, mesmo tendo que transportar 5 kgs de
coisas, atrás.
Estas são as pessoas, que "se eu mandasse" viveriam
todas, numa só cidade, pois talvez assim se cansassem de tanto estarem juntas,
beeem juntas e de tanto, também, gritarem. Talvez, talvez, até chegassem à
brilhante conclusão de que existe um espaço, que é o do "outro" que
deve ser respeitado e que não é preciso gritarmos para nos ouvirem. Bem, pelo
contrário.
Longe, muito longe de estar a ter um ataque de snobismo,
porque não estou, apenas re|lembrar| algo que é uma verdade universal e que
estou sempre a dizer, em relação à imagem. É que, esta, vai tão mais além, que a roupa/marcas que usamos... Até
porque, gosto de peixeiras|os|, mas não gosto |nada| de peixeiradas.
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