PRINCÍPIO DA SEMANA #103

ca·rác·ter-|latim character, -eris, sinal, marca|- O que faz com que os entes ou objectos se distingam entre os outros da sua espécie; Marca, cunho, impressão; Propriedade; Qualidade distintiva; Índole; Firmeza; Dignidade.

Todos temos um lado lunar, ou mais negro, e consequentemente menos bom, dentro de nós, é certo. E, nas devidas circunstâncias, todos somos capazes de ter, o que são consideradas aos olhos dos outros, acções menos boas, menos louváveis, ou menos bonitas. Acredito até que nas devidas condições, naquelas mais extremas, como ver alguém fazer mal às nossas pessoas, qualquer um de nós se pode tornar num potencial assassino. Isso fará de nós ser uma má pessoa?... Viver o nosso lado bom ou o menos bom é sempre uma questão de escolha. Referimos muito este termo "ser boa pessoa", mas o que define uma boa pessoa? É só ter acções boas, é ser afável? É ser sempre alegre e simpático? O fazer os outros felizes, em todos os instantes? Parece-me que será um conjunto de todas estas coisas e mais algumas. O ser boa pessoa é algo até fácil de se chegar a um consenso. A questão fica muito mais complicada quando se fala de carácter. Porque no carácter não há momentos, não há um às vezes é bom outras vezes é mau. O carácter é aquilo que nos define como seres humanos. É, e segundo a própria definição, o que nos distingue dos demais e se verifica no conjunto de atitudes, gestos, acções que realizamos. Sempre. Sem pausas.
Tem tudo a ver com coerência e o ser coerente nas nossas atitudes. E este ser coerente conduz as nossas acções, procedimentos e comportamento. E, ao contrário de muitas outras coisas é algo que não conseguimos fingir. Aliás se existe algo que não conseguimos fingir é o carácter. Mais cedo, ou mais tarde, e nas mais pequenas coisas, ele é revelado, como bom ou mau. Sendo que a falta de carácter é definida como "mesmo errando repetidamente com os outros, causando prejuízo a terceiros, e ferindo sentimentos através de manipulações e mentiras, a pessoa insiste no acto". 

A nível psicológico confundimos muito carácter, personalidade e temperamento, mas a personalidade provém de traços hereditários e adquiridos, é a postura que cada um de nós assume perante a sociedade sendo a união do temperamento, carácter e hábitos que vamos adquirindo, como o ser empreendedor, altruísta, etc. O temperamento são qualidades que já nascem connosco, ou seja é aquilo que não é adquirido, aprendido. É o sermos alegres ou tristes, introvertidos ou extrovertidos, etc. É o conjunto de atitudes positivas e negativas que já trazemos connosco. Tendo origem no verbo grego que significa gravar, o carácter remete-nos para a nossa firmeza moral. É um sinal bastante visível de nossa natureza interior. É o que somos no íntimo, um conjunto de valores que rege o nosso comportamento. Se somos honestos ou não, justos, injustos, sinceros ou não etc.

Na minha opinião, o carácter define-se sobretudo quando somos "chamados a depor". Define-se quando é chamada a hora de verdade, a hora de prestar contas, digámos assim. E, nesses momentos, de teste, se lhes quisermos chamar assim, não há lugar para dúvidas, meios-termos ou hesitações. Ou é ou não é. Ou se tem ou não se tem. Há poucas coisas que considero o ser ou não ser, o preto ou o branco, mas quando se fala de carácter talvez seja o único ponto onde sou "extremista" e não considero haver lugar para o assim-assim, ou para o cinzento. Quando se tem verdadeiramente carácter e sabemos daquilo que verdadeiramente somos feitos, esta questão nem se coloca, porque sabemos assumir os nossos erros e assumimo-los sem medo. O carácter é isso mesmo. É a nossa força interior, na sua total plenitude. É o apesar de tudo o que possa acontecer, não vou fugir e vou ser honesto comigo, com "o outro". Vou ser fiel a mim e aos meus princípios. O carácter é a nossa mais pura e genuína marca. Em suma, a nossa raça.

"Pessoas de carácter fazem a coisa certa não porque acham que isso irá mudar o mundo, mas porque elas se recusam a ser mudadas pelo mundo". M. Josephson

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