PRINCÍPIO DA SEMANA #191

sen·so- (latim sensus, -us, sentido, órgão do sentido, faculdade de sentir, sensação, pensamento); Juízo claro; Prudência; Siso; Capacidade para sentir; Sentido; Capacidade de pensar; Juízo; Pensamento; Raciocíno; Direcção; Rumo.

Como muitas outras palavras, na língua de Camões, senso tem uma definição bastante ampla, tendo vários significados, dependendo do contexto onde o usamos. Temos o senso comum- modo de pensar da maioria das pessoas, as noções comumente admitidas, o senso crítico- capacidade de questionar e analisar de forma racional e inteligente, o tão discutível senso estético- capacidade de apreciar e julgar o que é belo; o senso moral- consciência do bem e do mal; o tão particular senso de humor- saber rir ou fazer e dizer piadas na hora certa e, por último, talvez o mais discutido e falado bom senso- capacidade de raciocinar sobre a aplicação da perfeita razão para julgar cada caso particular. É chamado de sensato aquele que possui este último e que faz uso da chamada “boa” razão logo que age ponderadamente. São muitos os sensos, mas e em suma, trata-se do acto de pensar, apreciar e julgar, de acordo com todos os nossos padrões e ideias sobre o que seja. Na sua base está o entendimento e algo, que às vezes parece tão pouco usado, de seu nome discernimento. 

Dizia Descartes que o bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída pois todos pensamos tê-lo. Parece-me inteiramente verdade pois e assim de repente, não me recordo de ouvir alguém opinar sem achar que está coberto de senso ou de razão. Sendo que este vai muito além da capacidade de distinguir o certo do errado, o bem do mal e sim algo de intuitivo, que nos permite escolher a todos os instantes em agir “certo” ou “errado”, todos estes conceitos derivam da nossa própria noção de moral. Algo que também me parece e cada vez mais, que deveria ser afastado do dito senso comum devendo este ficar restrito a [apenas] certos parâmetros da chamada normalidade, aspectos comuns a uma mesma cultura, organização e sociedade, definidos em regras, como por exemplo fazermos pisca quando pretendemos mudar de direcção. 

Voltando ao chamado bom [senso], assim como as sinalizações está, cada vez mais, reservado apenas para alguns, estando a razoabilidade a escassear, tantos são os exemplos que vimos a acontecer. As consequências, desta ausência, são algo que tendemos a [querer] esquecer quando estamos no alto do nosso umbigo, que se torna por vezes gigante e nos impede de ver o óbvio. Aquele óbvio, que se quiséssemos, verdadeiramente, até de olhos fechados o conseguimos ver. Encontrar o equilíbrio, distinguir a acção correta parece-me uma capacidade virtuosa de resgaste urgente. ➸ [Simples assim]. 

"O dia inteiro diz
E até a noite diz
Que és tu
Meu bom senso, mal-juízo
Meu desejo e o que vejo
Dizem que és tu
O meu outro lado esbraveja
Vê, tenho a certeza
Que és tu
O sol nasce e levanta-se
Deita-se e de todas as maneiras diz
Que és tu
Tudo o que digo e faço
É só pra disfarçar
E eu só penso e me convenço
Que és tu"



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