SE A BABI MANDASSE #4

Nunca quis crescer. Nem tive qualquer tipo de pressa. Muito pelo contrário. A começar pelos quase 10 meses que demorei a aterrar neste planeta, acreditei durante toda a minha infância que ia encontrar uma fórmula mágica para conseguir que isso não acontecesse. Tudo o que implicava o normal curso da vida, o ser mulher neste caso, era um pesadelo para mim e por isso conseguir parar o tempo sempre foi o meu maior desejo e a minha maior utopia. Aos poucos a realidade foi-me vencendo e comecei a perceber que não "ia dar". Mas... Como não sou de aceitar, o "porque é assim", fiz como faço sempre. Contornei a questão. Arranjei a tal fórmula mágica sim, mas não parando o tempo. Consegui, mesmo crescendo, conservar muito do que sempre fui, na minha essência, a minha vamos dizer inocência, e daí sentir que não envelheço.

Serve esta introdução para falar de algo que me assusta, um bocadinho, e que se eu mandasse estipulava. O ser e parecer criança/adolescente quando de facto se é. Estando ontem numa das centenas de padarias portuguesas que proliferam actualmente, muito mais que cogumelos, pela cidade, observei. Duas raparigas e um rapaz. 10 minutos. Os três com o telefone na mão |normalíssimo, até nos adultos, quanto mais...|. Ele com as calças mais justas que as minhas |tema que também será abordado por aqui|. Elas vestidas e maquilhadas de uma forma que pareciam ter a minha, ou mais que a minha, idade. Obviamente que não é a primeira vez que o vejo, sei que é o "normal", hoje em dia, os tempos mudaram, evoluíram (?) blá, blá, blá, mas não gosto de ver e não concordo. Com 12/13 anos |ainda| acordava cedo para ver desenhos animados e amava jogar monopólio ou loto |fui viciadíssima nos dois|, |ainda| brincava com a minha Tucha, com a Nancy e com a minha Barbie Crystal! |Linda de morrer, a propósito...|. A única que tive e que ainda tenho. Apenas já não brinco com ela, apesar de às vezes me dar umas enormes saudades de o fazer. 
Com 12/13 anos via o ir a uma discoteca quase como um sonho e daqueles ainda longínquos. Até porque ainda nem me apetecia. Usei o primeiro produto de maquilhagem, pela primeira vez, seguramente depois dos 20. Seguramente. Não sou de todo um bom exemplo, nem o pretendo ser, nem defendo que exista uma "idade para", mas não há, ou deveria haver sim, um tempo para tudo? Ou agora o crescimento é como as estações do ano? Faz-se ligação directa entre inverno/verão e criança/adulto, sem passar pela meia-estação/adolescência? Hoje, se eu desse uma Barbie Crystal a uma miúda com 12/13 anos no mínimo ela olharia para mim como um ET. No mínimo... Em relação à forma e maneira de vestir não estou a dizer que meninas, sim meninas, desta idade, deveriam usar roupas, vestidinhos feitos pela costureira, como eu usava, até porque na altura não existia a Zara e afins, mas daí a usarem as mesmas roupas e sapatos que mulheres adultas vai uma enorme distância... Ou será que sou eu que não estou a ver "a coisa" como deve de ser e sou mesmo um ET?...

Mais que a roupa são também e muitas vezes os comportamentos desconexos e viciosos que acontecem |já| nesta idade, mas lá está, hoje e em pleno século XXI, isto parece ser normal... Acima de tudo lamento e entristece-me, profundamente, ver, perceber, saber, tudo o que estão a perder com tanta pressa para crescer! Sobretudo que não saibam viver de acordo com a ingenuidade própria da idade |ou será ingenuidade da minha parte |ainda| pensar assim?|.

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