Já ninguém faz nada. Coisas ridículas que nem necessitam de
especialização são difíceis de ver cumpridas, principalmente se se for idoso ou
incapacitado físico – não existe ninguém disponível para as fazer. Outro dia a
minha avó dizia: “só queria pagar a alguém para ir ao telhado tirar uma folhas
da caleira, para não entupir, mas já ninguém quer fazer isso.” E acrescentou
“antes ainda conseguia o serviço feito porque a Fátima subia lá acima”. Isto
dito com uma segunda intenção, tipo já antes era preciso uma mulher lá ir, como
posso esperar encontrar actualmente um homem que faça o mesmo? É, ela tem
razão… muita razão.
Já ninguém faz nada e tudo é descartável. Os sacos de
plástico eram descartáveis (a lei que obriga a pagar sacos mudou por completo
esta mentalidade), as garrafas de vidro passaram a ser descartáveis (antes
devolviam-se e recebia-se um depósito –
lembro-me de procurar garrafas de vidro na praia para ganhar uns trocos) mas
felizmente muitos alguns colocam-nas no vidrão, e até conheço quem coma apenas
em talheres e pratos de plástico para não ter de lavar a loiça. Melhor: dormem
em casa mas num saco-cama, no chão. Ando mesmo a ficar velho…
Ora, no meio de uma dissertação sobre este tipo de temas numa roda de amigos, alguém acrescenta “é como coser meias!”. Eu respondi “que tem coser meias?”. “Que horror! Coser meias é mesmo à velho!”. “Mas… eu coso as minhas meias… se só têm um buraquinho…”. E foi a risota. Eu sou o antiquado – coso meias. Os outros são os modernaços – mal vêem um buraquinho deitam-nas fora e depois compram mais. Viva o século XXI.
Ora, no meio de uma dissertação sobre este tipo de temas numa roda de amigos, alguém acrescenta “é como coser meias!”. Eu respondi “que tem coser meias?”. “Que horror! Coser meias é mesmo à velho!”. “Mas… eu coso as minhas meias… se só têm um buraquinho…”. E foi a risota. Eu sou o antiquado – coso meias. Os outros são os modernaços – mal vêem um buraquinho deitam-nas fora e depois compram mais. Viva o século XXI.
Acho graça quando vou à compras e vejo para venda panos de
limpeza. Ou seja, as pessoas deitam as tais meias e roupa com o mínimo estrago
para o lixo, e depois compram panos para fazer limpezas. Curioso que estas
mesmas pessoas são aquelas que se dizem protectoras do meio ambiente, que
quando vêem um documentário sobre o Mundo acabar em 10 anos com falta de água e
combustíveis fósseis dizem “que horror” e tratam logo de culpabilizar “os
outros” que não-apagam-a-luz ou que deixam-a-torneira-aberta. Não sabem que
fazer panos de limpeza também gasta esses mesmos escassos recursos – tenho para
mim que são certamente as mesmas pessoas que pensam que um frango é diferente
de uma galinha e que o bacalhau nada em postas e lombos perto da Noruega.
Tudo é descartável. E não interessa fazer bem, ou ter brio
no que se tem ou no que se faz. Interessa é ser o primeiro e ter mais. E não
ser o melhor e fazer bem. É o século da ansiedade. Somos todos corredores dos
100 metros – a maratona é “old fashion”… Os mais antigos dizem “para trás mija
a burra” e eu acrescento “para a frente mija o burro”. Ou seja, nem tanto ao
mar nem tanto à terra.
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