A paciência é uma virtude que tende a desaparecer com a
idade. Imaginem-se numa auto-estrada e no mesmo sentido, talvez na faixa ao
lado, acompanham-nos crescentes virtudes como o deixarmos de questionar tudo,
deixarmos rolar, tolerarmos absurdos para não nos enervarmos, ou relativizarmos
quando vemos alguém com peúgas brancas. Em sentido contrário, com os máximos
acesos, vem a paciência, a dar sinais de luzes como se a Polícia estivesse mais
à frente. O rastilho é cada vez mais curto e o melhor é não acendê-lo.
As pessoas são complicadas. É a evolução dizem uns; ‘isto no
tempo do Salazar é que era bom’ dizem outros. Antigamente a falta de
comunicação levava à ignorância. Hoje, pergunto: será que o excesso de
comunicação não leva à extrapolação? Uma senhora octogenária, que me é muito
próxima, vida feita lá no alto de um campo, perguntou-me: “O que é que ela
tem?” Eu respondi: “Está com uma depressão”. Ao que ela retorquiu: “Uma depressão?
Isso é na cabeça?” Et voilà – a doença da moda cai por terra com uma simples interrogação.
Já na cidade escutamos muito “Eu já nem comemoro o meu aniversário… é deprimente!” Quando adolescente ouvia os mais velhos dizerem isto e não percebia muito bem o significado. Apenas respondia sorrindo “Pois…” – costuma resultar para este tipo de situações. Agora toca-me a mim: o dia de aniversário aproximou-se e passei a entender a expressão. Não queremos fazer nada, não queremos comemorar, não queremos nada. E como dizem vários gurus da praça, se desejarmos muito acontece, e comigo aconteceu. Ou melhor quase que aconteceu, houve uma amiga que não deixou, felizmente.
Já na cidade escutamos muito “Eu já nem comemoro o meu aniversário… é deprimente!” Quando adolescente ouvia os mais velhos dizerem isto e não percebia muito bem o significado. Apenas respondia sorrindo “Pois…” – costuma resultar para este tipo de situações. Agora toca-me a mim: o dia de aniversário aproximou-se e passei a entender a expressão. Não queremos fazer nada, não queremos comemorar, não queremos nada. E como dizem vários gurus da praça, se desejarmos muito acontece, e comigo aconteceu. Ou melhor quase que aconteceu, houve uma amiga que não deixou, felizmente.
Chegam-nos centenas de mensagens, dezenas de telefonemas,
“felicidades” “parabéns” e alguns terminam ainda com “um dia feliz”. Já ninguém
deseja “muitas prendas”… mas afinal de contas o aniversário não é também isso
mesmo, receber prendinhas? No meio de tudo isto, o balanço nem foi negativo:
recebi 2 prendas… duas. Foram poucas, é verdade, mas o mais curioso é que as 2
prendas me foram oferecidas pela mesma pessoa. E só isso já valeu a pena. É a
única pessoa que gosta de mim? Claro que não, mas aquela eu tenho mesmo a
certeza que gosta. Na falta de amor, há carinho e ternura… estou a ficar velho.
Numa época em que uma relação amorosa é complicada, uma
amizade verdadeira é complicada, uma relação profissional é complicada, a forma
de descomplicarmos tudo isto está em nós próprios. É sermos apenas normais e
honestos. Connosco e com os demais. Ou, como vi num filme, um personagem
despede-se de uma rapariga na rua quando aparece no mesmo instante um conhecido
e diz-lhe: “Somos amigos coloridos, só para o sexo”. O outro, que passeava
tranquilamente o seu Fox Terrier responde com uma abanar de cabeça: “Isso não é
possível”. Será?
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