SE TU GOSTAS... |EU QUERO É QUE SEJAS FELIZ| #18

Quando era adolescente, achava graça em estar na conversa sobre o “amor”. Sobre as relações. Na minha/ nossa ingenuidade, significava a dedicação àquela pessoa a quem demos uns amassos, e que ainda por cima dava umas “baldas valentes”. Era adolescente, e o amor era carnal. Estava certo? Não sei, mas era bom e ingénuo, o resto que se lixe. O mundo era lindo.

Actualmente, décadas depois, o tema em qualquer mesa continua a ser o mesmo. A discussão continua a ser o amor e sinto-me muitas vezes voltar a essa adolescência, mas por vezes acreditem que já não tenho pachorra. Deixou de ser algo que se falava por ingenuidade, de descoberta, para ser algo que se discute com propriedade, em que na verdade se fala sempre mal de alguém. E esse passa a ser o tema da conversa: falar mal da outra pessoa (que não está presente), dar razão à pessoa que está connosco e que nos vai dizendo “já viste a forma como ela respondeu à minha mensagem??”, e ir regando tudo com uns goles de vinho mau para nos irmos lembrando que a miséria pode ser ainda maior do que parece.

Eu, na ingenuidade da meia-idade, atrevo-me a dizer que encontrar o amor não é complicado - o difícil é os egos de ambas as pessoas estarem em sintonia, no mesmo período de “vontades”. E o amor ganha assim muitos novos significados. “Eu amo-te, mas isso não quer dizer que quero viver contigo, casar ou ter filhos” ou então “eu amo-te, mas esta semana não vou conseguir estar contigo porque tenho coisas combinadas com os meus amigos” são algumas das novas correntes de pensamento. Sou da apelidada “geração rasca” (expressão criada em 1991 devido a protestos estudantis), ou seja, sou do grupo dos feios, porcos e maus, e que se estão borrifando para preconceitos, regras, virtudes - e até conheço o tipo que despiu o rabo virado para a Assembleia da República -, mas confesso que nem assim estava preparado para estas modernices. Isto leva-me a pensar que o futuro neste tema é tão incerto como a caminhada de uma toupeira – vai-se andando até se ver, mas na verdade somos cegos.

Mas agora duas pessoas que dizem “amo-te” têm de esperar pelo quê?? Parece que estamos num filme de romance… daqueles que chego ao fim e digo “não percebi”. E a única pessoa que está a perceber é ela, tipo: “és mesmo bruto, então não vês que eles amam-se mas ela não está habituada ao frio de Seattle nem à música grunge e que, por isso mesmo, aquilo não vai dar?” ………………. Não, estes pontos não são um erro, apenas exemplificam a minha cara poker de cada vez que ouço estas irracionalidades e que para-parecer-cool-e-normal-e-não-alimentar-uma-discussão-de-meia-hora prefiro nem mexer um músculo.


Costumo dizer que o mundo não é preto e branco, e que há muuuuuito cinzento “in between”. É verdade que existem também outras cores, o que o torna fantástico. Mas não me obriguem a estar a viver sempre num cor-de rosa manhoso, tipo filme série B, porque as cores ainda são as cores. Ou também querem desvirtuar as cores como as conhecemos? Alguém que ponha ordem na casa.

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