Descobri recentemente que sou… um manso. Afinal as minhas
convicções são permeáveis e também vacilo nos ideais. O mundo continua a girar,
é verdade, mas isto deixa-me pensativo. Passo a explicar: sempre estranhei a
proliferação de ginásios e respectiva adesão mas depois… aconteceu-me um
desígnio da vida: aderi à moda do Cross Fit. Para quem não conhece, é uma
espécie de ginásio em que os exercícios são feitos em grupo, não tem muitos
equipamentos periféricos, mas onde se usa bastante o corpo e o seu peso e mobilidade
para executá-los. Existe também um espírito de convívio do estilo “estamos aqui
todos a fazer não sei bem o quê, mas cá estamos”. “Todos juntos, allez!”, acrescento eu.
Os competitivos – aqueles que vão em missão, tipo tropa, já
de corpo definido, invariavelmente a suar bastante e que estão sempre a fazer
qualquer tipo de exercício, estando a decorrer a aula ou não. São os chamados
Rambos lá do burgo, que anotam todos os pesos, passos, elevações e afins que
fazem, para ver se amanhã fazem melhor. Esforçam-se muito e não poucas vezes
urram bastante, tipo animais na quinta (mas esses urram sem se esforçar).
Quando finalmente terminam, ficam dez minutos no chão, derreados, a descansar
do esforço exagerado despendido. Estes são mesmos “viciados”, não sei se a suar
se a urrar...
Os novatos – aqueles que, como eu, não entendem os nomes que
se dão aos exercícios, mas que os fazem com tranquilidade, sem esforçar muito o
corpo e que levam aquilo na desportiva. Esforço sim, mas q.b.. E sem paciência
para estar a anotar o que fez ou deixou de fazer. Estar ali a fazer algo já é o
bastante para assinalar. São aqueles que, amiúde, retornam à idade dos porquês:
“mas porque é que aquele tipo quer levantar aquele peso novamente, se na última
vez teve dificuldade?” Estes novatos parecem não ter vícios, mas para lá
caminham.
Depois temos os instrutores. Pessoas porreiras, jovens, bem
formados em diversas áreas, e que tratam a anatomia por tu. Outro dos seus
papéis é motivar os alunos. Obrigá-los a dar tudo. E é aqui que surgem as
“pérolas” de aprendizagem únicas, que nos ficam na cabeça pela noite dentro....
As frases “exercício difícil para uma
vida fácil” ou “vá, anda, isto aqui não é o Holmes Place” fazem parte de um
léxico que representa um admirável mundo novo. Para mim, novato, tem um efeito
cómico – para outros é realmente motivador…
À parte o que possamos pensar sobre tudo isto, no fim
ficamos com o que realmente interessa: fazemos exercício e ganhamos em
qualidade de vida. Eu, para além disso, esperava já estarem agendadas umas
patuscadas para o convívio – com grelhados, claro, para manter a linha… Para
quê queimar calorias se não as repomos?
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