Em miúdo esperava pelo autocarro e estranhava as pessoas que
se colavam a mim. Já no interior do autocarro era pior ainda. Depois passei a
andar de Metro, era adolescente, e os encostos/ empurrões continuavam. E é
nesta fase que percebemos se somos psicopatas, ou não, e definimos muito do nosso
futuro: deixamo-nos ir ao “som” do movimento do Metro e vamos descobrindo algum
“mundo alheio”, ou tentamos segurar um varão e assim evitamos ir ao ginásio
mais tarde? Ainda criança roubava laranjas na mercearia e esperava não ser
apanhado. Até ao dia em que fui. Serviu-me de lição, tipo “só vale a pena
roubar se não fores apanhado”. Mas no Metro ninguém ia perceber – aquilo
abanava mesmo, e fora do meu controlo! Mas confesso que tenho laivos de
cavalheiro desde pequenino e… decidi não ser psicopata.
Actualmente apenas levo uns encostos na fila do supermercado. E irrita-me profundamente. Geralmente de mulheres de meia-idade e da sua criancinha, que pensa que aquilo é normal. Parece que empurram uma pessoa, como se tivessem o direito de pagar antes de nós porque têm um carrinho cheio de Ice Tea, Oreos, chocolates, gomas, Sugus, leite com chocolate, uma promoção de chispe com grão pronto a comer e algum toucinho para juntar na açorda e, por isso, têm uma despesa maior. À parte o conteúdo do carrinho, existe outro ponto em comum quando estou na fila e “levo com elas”: só se encostam quando vêm em família. A chamada “famelga” a que eu carinhosamente chamo de família “moca”, apenas porque sim.
A família “moca” é composta por 1 ou 2 filhos com menos de 10 anos e de cabelo cortado em casa, o pai usa boné (com sol, chuva, na rua ou no interior de qualquer espaço público) e a mãe é useira de roupas estampadas, de preferência com padrões “tigresse”, tudo assim mais pró apertadinho porque, afinal de contas, todos os doces que ela come a ver a “Casa dos Segredos” não engordam...
Actualmente apenas levo uns encostos na fila do supermercado. E irrita-me profundamente. Geralmente de mulheres de meia-idade e da sua criancinha, que pensa que aquilo é normal. Parece que empurram uma pessoa, como se tivessem o direito de pagar antes de nós porque têm um carrinho cheio de Ice Tea, Oreos, chocolates, gomas, Sugus, leite com chocolate, uma promoção de chispe com grão pronto a comer e algum toucinho para juntar na açorda e, por isso, têm uma despesa maior. À parte o conteúdo do carrinho, existe outro ponto em comum quando estou na fila e “levo com elas”: só se encostam quando vêm em família. A chamada “famelga” a que eu carinhosamente chamo de família “moca”, apenas porque sim.
A família “moca” é composta por 1 ou 2 filhos com menos de 10 anos e de cabelo cortado em casa, o pai usa boné (com sol, chuva, na rua ou no interior de qualquer espaço público) e a mãe é useira de roupas estampadas, de preferência com padrões “tigresse”, tudo assim mais pró apertadinho porque, afinal de contas, todos os doces que ela come a ver a “Casa dos Segredos” não engordam...
Esta é a família que ao sábado arruma a casa (ela) e que ao
domingo vão dar o belo do passeio a Sintra percorrendo sem pressas o IC19 e
apreciando toda a construção até lá (sim, porque ele já trabalhou na construção
e percebe da coisa – ainda ninguém lhe disse que ser trolha não nos qualifica
para ser engenheiro) e que pelas 15h está de volta, ainda mais devagar, porque
a bola é só às 18h e ainda têm tempo (afinal Sintra continua igual ao domingo
passado e aquilo despachou-se rápido) e ela tem assim oportunidade de “dar a
ferro”. “Assim aproveitas”, diz ele.
Falo da família que vai toda junta ao supermercado, e que
tornam aquilo um evento. E é aqui que a inveja se apodera de mim. Apenas porque
eu não consigo tirar o proveito todo desta incursão pelo mundo da Distribuição.
É aqui que o casal partilha momentos de intimidade, sussurrando os preços dos
brócolos e comentando a sua qualidade. A partilha assume contornos mais
vincados quando ela diz em voz alta “óh Zé, não compres esses ovos que eu
depois compro no Lidl lá ao lado de casa” e faz aquele olhar do tipo
estou-a-dizer-te-isto-porque-lá-são-mais-baratos-e-melhores. Aqueles-é-que-é.
Estes olhares, estas ‘nuances’, esta atenção, ao companheiro falando de
mercearia e debatendo a qualidade do produto chega até a ser sexy… não me
atrevo a pensar como será lá em casa. Por causa da tal inveja, claro. Sou
invejoso… “prontos”.
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