Não concordam que ver os passarinhos, olhar a Natureza e
ouvir o mar são coisas que nos tranquilizam e nos deixariam em estado zen,
próximo do inerte? Penso que sim. Mas somos humanos e, logo, insatisfeitos. Por
isso não estamos projectados para ficar a olhar as pedras e retirar daí prazer
- será que isto é uma imperfeição ou será algo de positivo a necessidade de
fazer outras coisas e de alcançarmos algo que nem sabemos o que é? Filosofias à
parte, todos procuramos a felicidade à nossa maneira. Digo isto porque até
conheço quem retire prazer em ficar horas a olhar para pedras... Concluindo, o
mundo é uma palete de cores onde todas coexistem e até são passíveis de se
misturar.
Mas tudo isto são devaneios. O que tem graça é atentar ao
pormenor de cada uma dessas cores. E esse olhar de lince tem de servir para nos
rirmos… e muito. Uma boa leitura de cabeceira é a revista Maria, mais
concretamente a rúbrica Diário de Maria. Não me esquecerei da aflição de uma
rapariga que suspeitava estar grávida por se ter sentado na poltrona do tio, ou
daqueles que não sabiam se tinham o tamanho certo para procriar. Histórias
hilariantes e que provam que a realidade é sempre mais interessante que a
ficção.
Quando tentamos misturar as tais cores da palete, a isso
chamamos amor - e tal como refere o ditado, o amor é cego. Pelo menos é o que
dizem os mais crentes. Eu não sou da mesma opinião – o amor não é assim tão
cego e por vezes até tem os óculos de leitura postos. E passo a explicar: mas
existe alguém que se apaixone por uma pessoa que não toma banho? Duvido. Por
outro lado, existem aqueles cujo amor vê bem demais, ou seja, o aspecto físico
é muuuito importante. Mas esquecem-se de uma coisa: existem outros tantos que
também se cativam por essa mesma pessoa por quem te “apaixonaste”. Ou seja,
imagina que tiveste um furo em plena auto-estrada e que paras na faixa da
esquerda para substituir o pneu, sem montar o triângulo de sinalização e sem
colocar o colete reflector. O que consideras que pode acontecer? Vamos ser
positivos e pensar que te safas… porque o mundo é lindo.
Mas… esperem. Esqueci-me de algo porque, afinal de contas, o
amor é a própria palete de cores. Esqueci-me de aplicar a expressão “o que
interessa é o interior”. Mais um mistério da sociedade por desvendar. Pergunto
a várias pessoas o que isso quer dizer e ninguém me dá uma resposta imediata,
expedita, certeira, conclusiva. Todos rodeiam o assunto, que depende se és boa
pessoa, se tem sentido de humor, se é simpático… E uma vez, numa “roda” de
amigas, consegui captar que o aspecto físico é o terceiro factor mais
importante na decisão de conquista de um parceiro. Não sei o que é mais
traumático: não perceber o que é o “interior”, perceber que o exterior é também
contabilizado ou perceber ainda que esse mesmo exterior é contabilizado e
classificado! Mas lá está, o mundo é lindo… agora percebo aqueles que ficam a
vida a olhar as pedras…
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