SE TU GOSTAS... |EU QUERO É QUE SEJAS FELIZ| #7

Na escola ensinaram-me: é sempre com preservativo. Mas quando somos novos a aventura aparece de uma forma inesperada e, muitas vezes, não estamos preparados. É o famoso “aconteceu” ou “já fostes”. Eram tempos em que se viam preservativos por todo o lado: oferecidos à porta da escola, dentro de um recipiente em cima do balcão da recepção no Centro de Saúde, ligávamos a TV e lá estava o anúncio de uma qualquer marca ou, melhor ainda, o Goucha com um na mão a explicar como se utiliza. Convites puros ao acto, nem que fosse para experimentar. Confesso que foram períodos férteis em aprendizagem. E, claro, pela causa “Keep Safe” nunca é demais praticar e estar preparado para a tal ocasião especial – afinal de contas ninguém quer passar vergonhas. Parecia o festival Woodstock nos anos 60, mas em segurança.

Mas, na realidade, o resultado não foi o melhor – sendo oferecidos eram provavelmente preservativos de linha branca, e não primavam pela ergonomia… eram incómodos, grossos, apertados, estranhos. Provavelmente uma evolução em linha directa (e curta) daquilo que se usava antes de se inventar a roda. Consequência: os rapazes usavam mas era incómodo. Para além disso, o “timing” para a sua aplicação nunca era o melhor… vai-se lá saber porquê! E começou a olhar-se de lado para esse produto que nos tentavam impingir.

Na minha opinião faltou um enquadramento histórico a acompanhar a oferta destes “salvadores do amor”. Um género de publicidade a acompanhar os ditos para se perceber que “ok, não são perfeitos, mas antes eram piores, muito piores”. Dá sempre resultado apelar ao típico pensamento português - não é perfeito, mas podia ser pior. Eis algo que seu tivesse oportunidade de ler, na altura, me iria convencer por completo:

“Gostas de comer? És vegan? Macrobiótico? Optas por não comer carne? Não te preocupes, não és um ser estranho por isso. A opção do que se come já é feita há anos por outros povos. Já em 1300 a.C. os egípcios usavam como preservativo um invólucro feito de linho, pele e materiais vegetais – eram claramente vegetarianos. Por outro lado, os romanos durante o século II a.C. usavam invólucros feitos a partir de intestinos de cordeiro e bexigas de cabra – eram claramente carnívoros. Usa preservativos e come o que quiseres… basta fechares os olhos!” Publicidade barata… mas quiçá eficaz.

Mas esquecendo a analogia/ brincadeira, é curioso o porquê de já naqueles tempos idos os usarem. Para não procriar? Errado. Usavam-nos por causa das doenças sexualmente transmissíveis. Ora se até naquela época já tinham estes cuidados, fará sentido não os utilizar em pleno século XXI? D.C.? Não.
Os homens actualmente têm um problema: alguns saem à noite e esperam ter “sorte” (ou não, conforme referi na minha quinta crónica, intitulada “A cerveja e as psicopatas”). E por isso, precavidos, levam preservativos e por vezes passam vergonhas. Uma vez, num restaurante afamado de Alvalade, em Lisboa, estava um grupo de rapazes numa jantarada prestes a dar início à sua noitada. O empregado de mesa ia a passar e de repente agacha-se – apanha algo do chão e na mão trazia… um preservativo. E pergunta: “É seu?”, e a resposta foi “É… caiu do bolso”. Numa sala com mais de 40 pessoas, todos assistiram ao episódio, com a atenção que se dá a um golo do Ronaldo… vergonha total. Acresceram ainda as “bocas” dos demais convivas da própria mesa: “Então, sentes-te fácil hoje?” e a consequente risota…

Actualmente não conheço nenhum homem que ande sempre com preservativos consigo, tal como faz com o dinheiro, ou seja, sempre. Mas tal acontece, na minha opinião por culpa das carteiras para homem – conhecem alguma carteira com espaço para colocar um preservativo? Eu não. E muito menos para colocar dois… Ora aqui está uma ideia de negócio interessante: carteiras de homem com espaço para cartões, notas, moedas… e preservativos. Grande ideia de negócio! E para mais ainda pode ser financiada pelo Estado, em prol da Saúde. Fica a dica.

Por outro lado, será “obrigação” do homem tê-los? Perguntei a vários o que pensariam se, no momento “Bo tem Mel”, fosse a mulher a puxar do preservativo. A maioria tem uma resposta politicamente correcta: é bom sinal, isso quer dizer que ela se preocupa consigo e comigo. Mas também existem os mais conservadores que, apenas e só depois de desfrutarem, pensam: mas por que carga d’água é que ela tinha um preservativo?? Opiniões, opiniões, opiniões… A verdade é que para a experiência ser completa e decorrer sem problemas, é melhor ter. O resto é blá, blá, blá…

Antigamente eram incómodos, embora oferecidos. Actualmente existem inúmeras variantes, tamanhos, cores, sabores, formas. São caros. Mas, no fim de contas, vejam o lado positivo: actualmente nenhuma menina na caixa de supermercado nos faz um ar reprovador (também querem ir para casa tratar da vida delas) e a nossa saúde não tem preço.

Sugestão para as marcas: caixas de preservativos com vários modelos/tipos para experiências iniciais e escolher qual o que melhor se adapta ao folião.

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