Lembro-me na adolescência
de ser desafiante meter conversa com uma rapariga. Não era fácil nem era para
todos. E essa necessidade obrigou o homem a pensar que temas abordar para ter a
atenção da rapariga que lhe interessava. Eu por exemplo descobri que falar de
signos era um excelente desloqueador de conversa. A falta de criatividade era
de tal ordem que perder 5 ou 10 minutos a saber os pontos principais de 3 ou 4
signos foi o suficiente para ter tema entusiástico e infalível.
Mas havia aqueles que,
para não deperdiçar oportunidades, aplicavam outras estratégias em simultâneo:
viam telenovelas para assim poderem comentar a história, eram simplesmente
estúpidos e apontavam os defeitos todos da rapariga como se isso fosse chamar a
sua atenção, ou então compravam um carro que elas adoravam. Um amigo meu,
grande e pesado, comprou um Renault Twingo com cor azul-petróleo… questionei-o
porque fez isso. A resposta foi “porque elas gostam de ver as bolinhas do indicador
de combustível”… Claro que a resposta na brincadeira, mas tudo isto explica o
drama de um pós-adolescente da minha geração, obrigado a aguçar a habilidade do “desenrasca”.
Actualmente, penso que
não existem táticas ou estratégias simples para o mesmo efeito. Tenho pena das
gerações que agora em vez de lidarem com horóscopos lidam com… energias. Já não
basta saber algum dos 12 signos do Zodíaco, a coisa tornou-se mais vasta. Elas
só falam de energias e para um homem isso tem exactamente a definição que se
pode encontrar na internet: “capacidade que um corpo, uma substância ou um
sistema físico têm de realizar trabalho”. Mas não para uma mulher…
As energias para uma
mulher são algo de volátil, invisível, que está dentro de tudo, que existe mas
não existe. É algo que influencia tudo: os actos, as formas, as atitudes… E é
esta falta de certeza e de definição que assusta o homem e sem saber como
abordar o tema. Os únicos que se “safam” são os corajosos, que inventam paleio e
olham para o infinito enquanto falam nisto e tentam manter a conversa com um ar
cândido, embora sério. Ah valentes!! Vale tudo para conseguir o objectivo.
Alguns têm sorte, outros nem por isso, e há também os que não têm paciência
para a conversa.
Felizmente a crescente
liberdade do sexo feminino, ao fazer impôr as suas vontades e desejos, tem
vindo a contrabalançar esta falta de criatividade de interacção dos homens.
Elas é que cada vez mais definem a agenda de contactos. E elas é que abordam,
não eles. A eles resta-lhes fazer carinha de coitadinho e deixarem-se ir… se
tiverem sorte nem precisam de dizer grande coisa. Resta saber se isso é sorte
ou azar…
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