PRINCÍPIO DA SEMANA #104

en·con·tro- Acto de chegar até à pessoa ou coisa que se encontra; Choque; colisão; Recontro; Conjunção.

Este fim-de-semana foi e como sempre acompanhado de um, |entre vários|, pensamentos muito simples que é o nunca sabemos o que, ou quem, vamos encontrar a partir do momento em que saímos de casa. Seja o que for que planeámos fazer. Seja uma simples ida ao café, à praia, ao supermercado, um jantar, etc. Nunca sabemos. Verdade absoluta. Por mais planos que façamos é assim que as coisas, ou o Universo, se assim lhe quisermos chamar, funciona. E aqui reside aquilo que, na minha opinião, consiste a magia de viver. O não saber. O não termos, sequer, o poder de controlar algo que é totalmente incontrolável, e ainda bem.

Os encontros fazem parte e muitas vezes da nossa agenda diária, planeamos, combinamos coisas, programas, reuniões, eventos, etc. e esses, por norma nem nos ocupam muito a mente na medida em que, como são programados, pensamos que, de certa forma, todos os acontecimentos que daí por virão estão sob controlo. E, é verdade que assim é. Mas, há aqueles... Aqueles encontros que têm o poder de mudar, num segundo, toda uma existência. Esses, os chamados "encontros imediatos", são aqueles que, e para quem, como eu, acredita, nos estavam destinados. E podemos passar dias, meses, anos a tentar perceber os porquês e os comos e nunca chegar a uma só resposta. Porque não existe. Existem várias. E, na verdade, não é essa resposta que é necessária encontrar, é sim preciso perceber o significado daquele encontro, naquele momento.

Falando de encontros entre pares, existe todo um conjunto de redes sociais que os proporcionam. Centenas. Há muito tempo que assim é e hoje em dia é o chamado 'normal' de acontecer. 'Anormal' é quase o termo para quem nunca os experimentou. E, a opinião que tenho sobre este tema e o que me parece é que por norma falham, na medida em que por mais que se procure, e que aconteçam, não encontramos o que queremos. A questão é: Será que, na verdade, sabemos aquilo que estamos à procura? Não será por não o sabermos que atraímos as pessoas "erradas"? Ou serão as pessoas certas só que nós é que não conseguimos perceber isso, na altura? E, será que conseguimos diferenciar o que é suposto querermos daquilo que verdadeiramente queremos? E, se o mesmo não for aceite pela sociedade que nos rodeia, teremos força suficiente para nos afirmarmos ou será mais fácil o chamado "go with the flow"?

Parece-me que a maior parte de nós vive nesta última categoria e no chamado viver o que é suposto viver de acordo com um conjunto de crenças que nos foi "enfiado" na cabeça e no nosso pensamento que nos tolda, que nos cega, e que nos impede insistentemente de chegar ao derradeiro encontro que é o connosco. Com quem somos. Com a nossa pessoa. Com a única com a qual vamos e temos de passar uma vida inteira. Por mais difícil que seja cada encontro, mediante a circunstância, claro, não há nenhum que seja mais cru que este. Aquele que podemos passar anos a fugir, mas que, mais tarde ou mais cedo, há-de chegar. E quanto mais adiado for, mais duro será.

"A vida tem apenas encontros. Tudo o resto são descoicidências"- Mia Couto

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