PRINCÍPIO DA SEMANA #76

prin·ci·pi·an·te - (latim principians-antis, particípio presente de principio, -are, principiar); Que está em princípio ou que principia; Pessoa que se inicia em algo; Que não possui experiência; Iniciante.

A mais pura das verdades. Somos sempre e em alguma coisa absolute beginners. Não nascemos ensinados e ninguém nos ensina a... viver.

Vivemos anos, desde sempre, connosco e só connosco, 24h por dia e somos, até ao fim, principiantes nisto do saber viver, do sentir, do sofrer, do que fazer com o turbilhão de sentimentos e pensamentos que temos a cada minuto. E estamos sempre, mas sempre a aprender. A mudar. A começar e a terminar todo um conjunto de coisas. E daí ter sentido algo de tão forte, um sentimento de compreensão enorme, aquando da primeira vez que ouvi esta música de Bowie, que hoje nos deixou.

Penso que e exactamente por o sermos, que não sabemos muitas vezes como lidar com as coisas que não conseguimos compreender e agarramo-nos ao que nos é mais "fácil" de perceber e ao que nos leva para a tal zona de conforto que tanto precisamos de ter. E pelo caminho esquecemo-nos de uma coisa muito importante. Da finitude. Da finitude que a própria vida tem. Escolhemos muitas vezes, decidimos em função de coisas, sentimentos que não nos dão felicidade e pensamos que "um dia" há-de ser diferente e esqueçemo-nos que esse dia pode não existir. Algo com que contamos sempre, o dia de amanhã pode não acontecer. Acredito que se tivéssemos mais vezes esse pensamento e não tentássemos ignorar esse facto tudo seria bem diferente. Damos uma série de coisas por garantidas, uma amizade, uma relação, um emprego, um sentimento, um amor, quando na verdade amanhã isso pode não existir na nossa vida. Por norma apenas quando alguém que é nosso ou quando alguém mundialmente conhecido, como é hoje o caso, nos deixa, e aqui sim é para sempre, é que somos obrigados a ter este pensamento, porque somos confrontados com a realidade.

Observo que, e regra geral, vivemos, sem nos apercebermos, agarrados a uma série de sentimentos negativos que nos fazem sentir presos e isso faz-nos não valorizar o que de melhor temos e sentimos. Ofuscam-nos, tapam-nos, cegam-nos. Não vemos a realidade como ela é, criamos uma nossa e só nossa e pelo caminho perdemos a nossa pureza, a nossa essência e muitas vezes aquilo que mais amamos. Andamos de um lado para o outro, fugimos das coisas para não as enfrentarmos, fugimos dos desafios porque não os entendemos como tal e fugimos de nós, acima de tudo. E sabemos disso, ignoramos os sinais, mas no fundo sabemos disso de forma consciente.

Tendo consciência de que somos mesmo principiantes nisto do viver há uma coisa que devemos ter sempre presente, sabermos o que queremos e quem queremos na nossa vida e à nossa volta. E lutarmos por isso. Mas lutar mesmo. Com tudo o que isso implica. Porque o medo, o nosso pior inimigo, esse está lá sempre.

E se amanhã não tivéssemos o que temos hoje? Algo mudaria?

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