Crónicas da Inês #20



Sou feminista

Sou feminista. E por isso entenda-se, por definição, que sou defensora da igualdade entre géneros e que acredito na criação de um mundo onde não existam diferenças de oportunidades e direitos políticos, culturais, sociais, económicos e pessoais entre homens e mulheres.

O feminismo está, nos dias de hoje, conotado com uma carga negativa. Há quem associe a um movimento de misoginia, mulheres que odeiam meninas femininas, mulheres lésbicas, mulheres que correm nuas na rua, incendeiam soutiens, invadem espaços. Está tão fortemente enviesado que existem hoje (espante-se!!) movimentos de mulheres contra o feminismo.

O facto de na nossa sociedade moderna, grande parte da população feminina ter acesso a oportunidades idênticas às dos homens, sobretudo nas classes sociais superiores, faz com que fique a ideia de que os assuntos de género são problemas de outros tempos. Mas a verdade é que, nos países desenvolvidos, as mulheres ainda ganham aproximadamente menos 30% de salário quando comparado com as suas contrapartes masculinos. E que apenas uma pequena maioria tem assento nos Conselhos de Administração das empresas (cerca de 20% no caso de Portugal, 6% se olharmos apenas às empresas do PSI20). E que, um largo grupo ainda são vítimas de violência doméstica pelos seus parceiros. As estatísticas dizem que, a nível mundial, cerca de metade das mulheres adultas foram espancadas ou vítimas de outros tipos de violência. 

E na Ásia e em África, eventos como infanticídio de raparigas, aborto selectivo em função do sexo, mutilação genital feminina, homicídios por motivos de “honra” continuam a ser realidade e tiram a vida a milhares de mulheres jovens. Em pleno século XXI ainda existem milhões de casos de mulheres e raparigas que são transacionadas (compradas e vendidas) em todo o mundo para casamento, prostituição ou escravatura.

Em 2014, Emma Watson, Embaixadora da Boa Vontade da ONU Mulheres, fez um discurso onde lançava a campanha HeForShe que convidava os homens e rapazes a participar activamente nesta causa e a aderirem ao movimento para igualdade de género. Porque apesar de todas as lutas que se foram vencendo ao longo dos tempos e das barreiras que foram caindo, ainda são, claramente, muitas as diferenças entre homens e mulheres. Betty Friedan, Gloria Steinem, Hilary Clinton, Sheryl Sandberg, Oprah WInfrey são algumas das mulheres dos nossos tempos que se levantam e lutam pela igualdade. Porque a assimetria entre homens e mulheres no quotidiano é uma realidade e porque a igualdade é um direito fundamental consagrado na Constituição Portuguesa é tempo também de nos levantarmos e unirmo-nos, homem e mulheres, na luta contra esta afronta. E dizer, homens e mulheres: “eu sou feminista”.

Imagem © Direitos reservados

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