Relações
A propósito do dia de S. Valentim e das declarações no Papa
Francisco sobre a tendência generalizada para banalizar o amor reduzindo-o
somente ao aspecto sexual, penso que é uma boa altura para partilhar a minha
visão de alguns comportamentos e dinâmicas de relações amorosas que tenho vindo
a observar cada vez mais.
Não sei se é geracional mas verifico, principalmente em
homens e mulheres dos 30 aos 45 anos, a indisposição universalizada para o não
compromisso, i.e., para a proliferação de relações “light”, cenas, amizades
coloridas (tantos rótulos, haja criatividade!) em detrimento do namoro. E
quando penso que razões podem conduzir a esta alergia em assumir-se perante
alguém, a entregar-se, ter-se, amar e ser amado, sem restrições, acabo sempre
por cair em três ou quatro: medo, insegurança, egoísmo e/ou inexistência de um
sentimento forte o suficiente (chamemos-lhe paixão ou amor) para trazer a outra
pessoa definitivamente para dentro da sua vida. E a verdade é que isto não é
exclusivo do género masculino ou feminino. Todos, homens e mulheres, na sua
maioria, carregam esta insuficiência que os impede de dar o passo seguinte.
Gostava que fosse tempo em que as pessoas deixassem de ser
cépticas e parassem de viver relações apenas dentro de quatro paredes e em
privado. Algumas, relações de anos. Que dessem as mãos em público e aceitassem
as características essenciais de beleza de um relacionamento (daqueles “sério
sério”) e abraçassem o companheirismo, a fidelidade e a responsabilidade. Que isto
de uma relação é mais do que um momento; e que relações novas não carregam a
bagagem de relações anteriores; e que as relações passam por muitas fases
(ansiedade, euforia, ansiedade, excitação, paixão, conforto, ciúme, felicidade)
e que temos de nos permitir viver esses estados, sem bloqueios e expectativas.
São as relações que nos fazem crescer, por isso arrisquem. Vivam. Relacionem-se.
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Imagem © Direitos reservados
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