Crónicas da Inês #13

Pelo bem de todos.

Vem dos primórdios. A sociedade educou-nos a nós, homens e mulheres, que o homem tem, pelo menos, duas grandes funções numa relação com a mulher: proteger e proporcionar (ou dar, fornecer, provisionar). E é com este paradigma que crescemos e vamos observando casais à nossa volta. Homens e mulheres. As mulheres, inconscientemente (bom, algumas ainda de forma consciente…), esperam isso por parte dos homens. Que ele pague o jantar, que ele proteja o lar, que ele tenha carro e a vá buscar a casa, que ele lhe proporcione uma vida com a maior qualidade possível. E os homens, na sua vasta maioria, vivem pressionados com essas ideias e com a necessidade de corresponderem a essas expectativas. Inconscientemente, claro. Porque é inato.

Acontece que a sociedade como era, mudou. E, hoje, as mulheres ganharam uma autonomia e um crescimento que faz com que essas necessidades tenham, em parte, mutado. Porque, algumas mulheres, não precisam que o homem provisione a qualidade de vida que almejam por si só. E o que assisto, cada vez mais, é ao sucumbir de alguns homens a esta pressão. Homens intimidados que julgam não estar à altura da expectativa das mulheres que lhe aparecem na vida. 

Pois, meu caros, as expectativas das mulheres (algumas) também mudou. É tempo de entenderes que é mais importante se me abres a porta do carro ao carro que conduzes. Que o que quero é passear contigo ao sol; seja o sol da Costa da Caparica ou das Caraíbas. Que prefiro jantar ovos estrelados com salsichas confeccionados por ti, em tua casa, a levares-me a jantar ao Darwin's. Que flores colhidas no jardim valem mais que ramos de rosas da florista. E que férias no Algarve é excelente mas que tenhas a segurança de aceitar um fim-de-semana em Paris oferecido por mim.

Felizmente a sociedade cambia e evolui. E se é verdade que começam a aparecer alguns homens que relevam a génese da parte material e se focam nas relações emocionais per si e como são, também é verdade que a figura do homem enquanto “homem e pai de família” está longe de desaparecer. Pelos homens e pelas mulheres de amanhã, tenho esperança que esta diferença se atenue e amenize e o equilíbrio entre o cavalheirismo e o sustentar seja encontrado. Pelo bem de todos. Por mim. E por ti.


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