PRINCÍPIO DA SEMANA #151

ca·la·mi·da·de- (latim calamitas, -atis)- Grande mal comum a muitos; Série de desgraças que vêm sobre alguém; Infortúnio público.

A par da maior parte dos portugueses, amo o Verão. É, sem dúvida, a melhor estação do ano e por vários motivos. O principal? O facto de tudo parecer, se tornar, mais leve. Não há nada que me desagrade quando se trata de calor, à excepção de uma única coisa. Incêndios. E, infelizmente o Verão parece rimar com eles. E, todos os anos assistimos a perda do nosso maior património. 

Este fim-de-semana, perdemos mais que isso. Relatos impossíveis de não ver, imagens que não se esquecem, um aperto no coração que nos faz sentir, mesmo, muito, muito, pequeninos. As calamidades têm sempre algo em comum, são acontecimentos que não se pensa que alguma vez possam acontecer. Acontecimentos que pensamos só ver em filmes. Daqueles bem trágicos, de fim do mundo, bem ao estilo americano. Acontecimentos demasiado negros para os conseguirmos suportar. Acontecimentos, marcados por actos imprevisíveis que, num segundo, transformam tudo num 'antes' e num 'depois'. Acontecimentos que nos chocam, como nada mais o consegue fazer. Não consigo parar de pensar em todas aquelas pessoas e neles... Nos que não falam e não têm como pedir ajuda. Sim, estou a falar nos animais. É sempre dos primeiros pensamentos que tenho quando vejo este tipo de imagens. Assim como o Amor, o sofrimento, para mim, é igual independentemente da "raça" que se trata.

Acontecimentos que nos fazem, também, levantar dedos. Procurar culpados e justificações. A questão é que, por vezes não existem. Nem culpados, nem tão pouco uma justificação. As calamidades acontecem devido a um conjunto de condições excepcionais, que juntas resultam num enorme mal comum. Mal comum esse que é muito difícil de aceitar, É um facto que nos é sempre mais fácil aceitar o que compreendemos.

A única coisa boa, se é que se pode usar esta palavra, numa calamidade, são todos os movimentos que se criam em torno dela e, do que já vi, e sobre o que vivemos este fatídico fim-de-semana, são já imensos. Por isso, muito mais importante que apontar, há que usar esses mesmos dedos para ajudar e dar aquilo que estiver ao nosso alcance e ter fé que algo assim não se voltará a repetir.

Dado que o país está de luto, decidi acompanhá-lo e por isso o blog estará em silêncio até Quarta-Feira.

"Que nunca por vencidos se conheçam".

Imagem © Direitos reservados

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