Por muito que todos procuremos o interior dos outros, a
verdade é que os olhos também comem. O “pacote exterior” tem de parecer
arrumado, direito. Para os mais exigentes tem também de ser descontraído e de
acordo com o evento onde se encontram. Eu, que pertenço à intitulada Geração
Rasca (sim, aquela que fez uma manifestação em frente da Assembleia e onde
foram mostrados uns rabos desnudos aos nossos governantes), estava bem vestido
se tivesse marcas como a Chevignon, a Soviet, a Diesel, a Uniform… Ou seja, não
era uma questão de gosto, mas de poderio económico. Actualmente o dinheiro já
não resolve a aparência – é preciso bom gosto e noção de si próprio. Já nem
precisamos estar constantemente em shoppings para ver as últimas tendências – a
internet é o maior shopping que existe, sem sair de casa. Existem no entanto,
modas que não passam, para o bem e para o mal.
O homem não tem muita dificuldade em vestir-se no seu
dia-a-dia. Durante a semana é vê-los com a “farda” normal: chinos castanhos,
creme ou claros, blazer azul-escuro e camisa geralmente branca. Basta percorrer
as ruas de Lisboa para os ver com a “farda de trabalho”. Mais para Norte, os
executivos preferem os fatinhos e a bela da gravata (vulgo “bacalhau”). Esta
última forma de vestir não compromete, e por isso não choca. Mas a escolha do
calçado é, bastas vezes, de risadas. Sapatos bicudos, por vezes bicos quadrados
(??), e com a pele (ou será napa??) a aparentar umas escamas, tipo crocodilo.
Será que os faz sentir mais próximos da Natureza? Ou pretendem transmitir uma
ideia de virilidade? Nunca compreendi… Ainda bem que não sabem que no Texas,
ter bosta na sola das botas é chique. Senão é que ia ser uma merda pegada…
Também nunca percebi por que o sonho de qualquer homem com
menos de 1,60 metros de altura é ter um carro grande, de quatro portas e
bagageira independente… isto apesar de trabalharem no centro da cidade, onde é
difícil estacionar. Ao que acrescentam um relógio Batatoon de tamanho
sobredimensionado para o seu pulso. Isto serão casos de modas ou de manias? Não
sei, mas sei que, parecem ridículos.
Pegando no caso das mulheres, de que serve uma mulher vestir
Prada se depois calça umas sabrinas em que se vê a unha do dedo mindinho?
Percebo o conforto desse calçado, mas, minha senhora, se tem peso a mais e
consegue dissimulá-lo com o que veste, garanto-lhe que as sabrinas são como o
algodão… não enganam.
Isto para dizer que por mais bom gosto que aparente a
“vestimenta” da senhorita, acabo sempre por olhar para os seus pés. O calçado
tem de bater certo, pelo amor de Deus. Estamos no século XXI, onde as ofertas
baratas e de bom gosto proliferam. Mas aqui fica um conselho: evitem calçado
feito com borracha chinesa – é que se se descalçam, acaba o encanto… E por
falar em barato, graças a Deus que a moda dos Boleros se foi perdendo… porque
na verdade aquilo parece a mantinha que a minha avó coloca nas costas, mas com
buracos para os braços. Mas que raio de ideia é aquela? Modernices…
Às vezes só penso – se andarmos com o banhinho tomado já não
é mau…
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