Dizem que param os soluços. |Quanto a mim, já experimentei várias vezes e digo que é um mito. Nada pára os meus soluços|. Por isso Eu digo antes que aceleram |e muito| o coração. Sentimo-lo a bater mais forte que nunca, como muito poucas outras coisas o conseguem fazem.
A nível físico quando apanhamos um susto as nossas reacções são controladas por uma região do cérebro que se chama sistema límbico, que regula as nossas emoções e está relacionado com a nossa memória e aprendizagem. A reacção que temos logo após a surpresa faz-nos enfrentá-la ou fugir dela. Para nos ajudar a reagir ao susto, o cérebro ordena às glândulas supra-renais (assim chamadas por estarem localizadas acima dos rins) que liberem adrenalina que tem a função de preparar o organismo para o perigo, na corrente sanguínea. E esta descarga de adrenalina provoca-nos uma série de efeitos. No fundo, e em resumo, os sustos aprimoram-nos os sentidos, como mais nada o consegue fazer.
Os sustos causam-nos pânico, medo, terror até pois têm o poder de nos tocar nos nossos medos mais profundos. E daí se chamarem sustos. Os medos que nem às paredes confessamos, aqueles que passamos grande parte do tempo a fazer um esforço imenso para não pensar. O nosso intocável. Que rapidamente e numa questão de segundos percebemos que o deixou de ser. Sentimos o chão a abrir e a perdermos. A nos perdermos. Infelizmente a maior parte de nós precisa de os viver para verdadeiramente acordar. Acordar para a realidade, acordar para o que está por resolver, acordar para o que está para fazer, acordar para focar. Este foco é, sem dúvida, o lado mais importante e positivo do que é na realidade um susto. O que tentávamos não ver, esquecer, ultrapassar sem resolver passa a ser a nossa prioridade número um, num ápice. Um susto tem o poder de unir e ligar o racional e o emocional formando a mais bela das alianças, em prol de uma única questão. A nossa. E quando isto acontece, nada mais existe e tornamo-nos mais fortes do que alguma vez o imaginaríamos ser. Somos levados ao extremo e só aí toda a nossa força se revela. Mudamos. Superamo-nos. Elevamo-nos. Ultrapassamo-nos. E, acredito, que nada pára esta força. Nada. Por isso e por mais estranho que pareça devemos, um dia, agradecer por estas tempestades que nos assolam, assim de repente, porque sem elas não evoluiríamos.
Um susto obriga-nos a ver as coisas sobre outra perspectiva. Outro ângulo que, muitas vezes, não pensávamos existir. Antevê mudanças. Cirúrgicas. Seja em que campo for da nossa vida. E não gostamos de mudanças. É sempre mais fácil permanecermos quietos e imóveis, à espera que o vento acalme. De preferência com a cabeça bem protegida da intempérie. Julho é um mês de ventos. Os ventos têm o poder de nos levar coisas. Nossas, que julgamos nossas. Muitas vezes a nossa realidade. Sentimos medo. Não queremos. Tentamo-nos agarrar a falsas certezas. Não conseguimos. E não conseguimos porque esses mesmos ventos, os mesmos que levam, têm como objectivo trazer, com eles, outras centenas de coisas novas. Boas, muito provavelmente. As que precisamos. Agora.
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