PRINCÍPIO DA SEMANA #98

ma·qui·nis·ta-(máquina + -ista); Pessoa que faz ou dirige máquinas; Pessoa que conduz um comboio.

Gosto de alegorias. Muito. Diria que, a nível de escrita, são para mim já um vício. Escrevo muito com base nelas e por isso nestes últimos dias dei por mim a pensar como uma viagem de comboio, ou até uma simples viagem de metro em tanto se assemelham a nossa vida. Fazemos viagens diárias, baseadas em decisões prévias. Decidimos linhas, caminhos em função do "para onde queremos ir". Mas não nos apercebemos muitas vezes, pois achamos normal, que assim como nas nossas deslocações diárias, no nosso dia-a-dia, somos muitas vezes conduzidos por maquinistas, que não somos nós. E isso, o deixarmo-nos ser conduzidos, na maior parte das vezes, ou nunca mesmo, não nos traz bons resultados.

E daí a importância desta palavra e do significado que lhe estou a dar. Assim como uma máquina, seja ela qual for, a nossa vida tem de ter um maquinista à frente dela, e esse nunca pode, em situação nenhuma, ser outro alguém para além de nós. É normal sermos quase como que envolvidos numa teia de opiniões, valores, crenças, ideias pré-concebidas sobre tudo e mais alguma coisa e muitas vezes esquecemo-nos daquilo que verdadeiramente queremos. É que tudo o que ouvimos e sabemos pode estar muito certo mas... Não se aplicar a nós, nem muito menos aquilo que nos faz verdadeiramente feliz. Influenciados todos somos, é natural pois ao viver com "o outro" e em sociedade acontece, mas o saber ouvir a nossa voz, aquela que nunca, em segundo nenhum, se cala e nos diz sempre a verdade é cada vez mais importante. É que essa está sempre correcta. Nunca nos engana, ao contrário de tudo o que ouvimos diariamente à nossa volta. Quando não lhe darmos a devida atenção, esquecemo-nos que somos o maquinista aqui e que somos os únicos responsáveis pela construção da nossa vida e dos caminhos para onde a levamos. 

Como em qualquer viagem, temos paragens, umas forçadas outras já calculadas e tudo isso faz parte, e é positivo até, para descansarmos no apeadeiro e até mudarmos de carruagem se assim o entendermos, mas aquilo que não pode nunca acontecer é entregarmos o comando a uma segunda pessoa. Este é um trabalho que é para a vida e do qual não nos podemos simplesmente "despedir", virar costas e ir procurar outro. É um peso, se assim lhe quisermos chamar, como qual temos que saber viver e carregar também. Prefiro chamar-lhe de acto de inteligência e por isso quanto mais cedo o aprendermos melhor. Para nós e para quem está à nossa volta. É a maior irresponsabilidade que podemos cometer, connosco, se não o fizermos. Os caminhos, os percursos, mais ou menos atribulados, cabem-nos a nós decidir, se e quando o fizermos sabemos que apesar de tudo o resto poder parecer ruir há algo que permanece intacto- A nossa paz. A nossa real alegria e felicidade. E essa vale toda e qualquer viagem.

"A vida é como dirigir um veículo automotivo: basta tirar as mãos do volante por alguns segundos para acontecer um grave acidente.” H. Queiroz

 Imagem © Direitos reservados

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