PRINCÍPIO DA SEMANA #96

i·no·cên·ci·a- Qualidade ou estado de inocente; Ignorância do mal; Pureza; Simplicidade; Ingenuidade; Isenção de culpa.

No primeiro dia de Junho comemora-se um dos meus dias preferidos do ano. O primeiro do mês que mais gosto e aquele que é o Dia Mundial da Criança. Uma data que, por norma, apenas celebramos se tivermos alguma em casa ou na nossa vida. Ao longo dos anos, desde que o deixei de ser "oficialmente" fui dizendo que este seria sempre o meu dia, por brincadeira, pensava mas hoje consigo perceber porque nunca o deixei de dizer.

Confundimos muito inocência com ingenuidade. São palavras muito parecidas mas com significados completamente diferentes. Frases como "no mundo real não há lugar para a inocência" e "a primeira vítima da vida adulta é a inocência", são ditas por adultos, pessoas sérias portanto, cheias de experiência de vida. São frases que considero de engraçadas, pois para mim só exprimem, uma coisa- Arrogância. Uma das coisas que "ganhamos" ao perder a inocência. O pensar que sabemos tudo e que já vivemos muito. Porque é que acreditamos, cegamente, que o simples facto de entrar na idade/vida adulta, a única fase da vida onde podemos ser inteiramente livres, é sinónimo de perda de inocência? Será que tem mesmo de ser assim?

Dou por mim a pensar, como o significado de uma palavra pode variar (tanto) de acordo com a idade que temos... O infantil, que é visto como natural e bonito até uma certa idade, em adulto tem indubitavelmente uma conotação negativa. O, "ah, és mesmo infantil" nunca é dito no sentido positivo.

A verdade é que sempre senti que consegui preservar, como ninguém que conheci até hoje, o meu lado de criança, ou infantil, como o quisermos chamar. Sempre fiz por isso. Faço, tenho em mim, muitas coisas, sentimentos, atitudes, reacções, expressões, caras, etc. que podem ser consideradas de desadequadas à minha idade. E são, de facto. Não nego. Pelo contrário, sou a primeira a dizê-lo. Mas o que sempre me fez sentir diferente e muitas vezes, (quase todas), no sentido negativo de diferente, hoje e apesar de muitos, imensos, gigantes dissabores é das coisas que mais me orgulho de ter conseguido, aquilo que mais dou valor e que sei que faz de mim quem sou.  Portanto, será que sou mesmo um "alien", ou que é possível sobreviver, preservando-a? Eu defendo, que não sou "alien", logo que sim, que é possível. Dá muito trabalho, exige-nos muito, mas é possível. 

Apesar dos processos de socialização que nos forçam a integrar-nos, a perdermos uma série de coisas e a ganhar outras, acredito que nos podemos mudar, adaptar e não nos perdermos, pelo caminho. Acredito, também, que os que conseguem, sobrevivem a todo o custo a pessoas e situações más, tóxicas, violentas, que vivem, e que as colocam à prova, como autênticos testes, em que o caminho mais fácil é sucumbir, desistir de acreditar em inocência e acreditar apenas num mundo cheio de culpados. Mas e novamente, os que saem dessas provas e não vergam, (por nada), saem ainda mais fortes. Bem mais fortes!... E, conseguem ve,  como nunca viram antes. Ver que a nossa inocência é aquilo que temos de mais sagrado. O nosso lado mais puro são todas as coisas que nos fazem vibrar, que nos fazem iluminar e quase cegar os outros à volta, com a nossa luz. E ser puro é ser verdadeiro, é não fugir, é prometer e cumprir, é não desistir de nós, das nossas responsabilidades para com os outros e para connosco. Ser puro é ser fiel à nossa inocência. É continuar a acreditar em magia, fadas, unicórnios e tudo aquilo que é chamado de cor-de-rosa, se isso nos faz feliz e nos deixa um sorriso na cara. É, acima de tudo simples. Muito simples.

"Can you remember who you were, before the world told you who you should be?"- k. w.

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