PRINCÍPIO DA SEMANA #81

 


des·cul·pa- Perdão de culpa ou ofensa; Alegação atenuante ou justificativa de culpa, ofensa, descuido; Escusa, pretexto.

Apesar de existir a célebre frase "as desculpas não se pedem evitam-se" passamos a vida a pedir desculpa. Pedimos desculpa muitas vezes e acredito que muitas delas nem pensamos ou nem sabemos muito bem porquê. Assim como o "obrigado", penso que se democratrizou demais o uso da desculpa como palavra, quando, na minha opinião, esta não é apenas algo que deve ser dito, é muito mais que isso. Deveria, deve, ser um reconhecimento, acima de tudo, e que se deve traduzir não num "simples" som mas sim num gesto.

A palavra "desculpa" também tem outra conotação que é a de passarmos também a vida a inventar desculpas para tudo e mais alguma coisa, para os outros, como justificativas dos nossos atrasos, dos nossos incumprimentos, mas sobretudo para nós. "Hoje não me apetece, porque isto e porque aquilo", "hoje não é um bom dia", "agora ainda não...". A questão é que a palavra desculpa em si é vazia. Claro que depende sim da forma como é dita, do contexto, do grau de relação entre os intervenientes, da complexidade, ou não, da questão e do porquê da "desculpa", mas é apenas isso, uma palavra. E muitos de nós pensamos que basta pedir desculpa e pronto. Como se o dizer desculpa tivesse o poder de apagar a situação. E não tem. Não há palavra que o tenha. Por mais forte que seja. O que tem verdadeiramente o poder não de apagar mas de passarmos por cima de algo é o que fazemos em relação a ela. O que fazemos quando reconhecemos que errámos. Quando fazemos ou dizemos coisas que nos arrependemos. Isso sim, a atitude, o gesto, é aquilo que tem o poder de mudar tudo. Porque se é certo que não podemos voltar atrás, é também verdade que não há nada que não possa ser resolvido. E nada que não possa ser desculpado. Depende, sempre, do nosso poder de "esquecer" e do que sentimos em relação a quem temos de desculpar, claro.

A vida é cheia de mal-entendidos, não há como evitá-los. A maior parte deles derivam de uma coisa muito simples e complexa que é nada mais nada menos que falta de comunicação. Muito fácil de acontecer e ao mesmo tempo muito difícil de detectar. Por vezes é algo que toma uma proporção tão grande, efeito bola-de-neve, que não conseguimos parar e em que só nos resta mesmo um pedido de desculpas. Que no fundo quer dizer "tu és importante para mim". Devemos conseguir dizê-lo, devemos conseguir saber ouvi-lo, porque saber desculpar é algo que precisamos de conseguir fazer para sermos pessoas felizes, assim como conseguirmos reconhecer que errámos mesmo que sem querer e sem ter a menor intenção de o fazer, (às vezes até bem pelo contrário), não tenho a menor dúvida. E por pior que o erro tenha sido, por mais difícil que seja de desculpar, se realmente acharmos que vale a pena, devemos fazer tudo (e não apenas dizer) para que nos desculpem assim como para conseguir desculpar.

"O amor ou não desculpa nada ou desculpa tudo" Honoré de Balzac

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