Princípio da Semana #46



jus·ti·ça- Prática e exercício do que é de direito; Conformidade; Direito; Rectidão; Poder judicial; Lei penal; Punição jurídica; Uma das quatro virtudes cardeais.

Associamos muito a palavra justiça a termos legais, a leis, advogados, tribunais e afins. Mas justiça deriva do que é justo e do ser (ou não) justo. E sê-lo, verdadeiramente, é uma das maiores e mais difíceis qualidades de encontrar em alguém. Se nos for colocada a questão, acredito que todos, à nossa maneira, acreditemos que sim que somos justos. Mas, se pensarmos, bem, mesmo bem, de certeza que nos lembramos de alguma situação em que claramente não o fomos. Ou em relação a nós (a justiça também existe na nossa relação connosco), ou em relação a alguém. É das constatações mais penosas que podemos fazer, e que mais humildade nos exige- o admitir que não fomos corretos, justos. Que errámos com aquela pessoa ou que errámos em relação a nós. 

A expressão "a vida nem sempre é justa", pode ser considerada senso comum mas é a mais pura das verdades e somos e seremos várias vezes confrontados com ela, seja por que motivo for. Fazemos tudo o que está ao nosso alcance e que consideramos ser justo e correcto e mesmo assim não conseguimos alcançar o que gostaríamos, ou até perdemos algo que julgávamos ter. Agimos cheios de boas intenções e somos mal interpretados ou não somos reconhecidos. Queremos fazer e dar tudo o que temos e não é o suficiente... De tudo isto, de todas estas perdas resultam mágoas, lutos psicológicos que todos temos que passar. 

A questão é que a injustiça e quando a sentimos, seja em que área for, precisa e desencadeia uma resposta em nós. A injustiça desafia-nos. Desafia o mais profundo que há em nós. Acredito que tenha o poder de nos modificar, até. A questão é que este modificar não tem que ser necessariamente modificar para pior, como é subentendido. O "normal" quando somos vítimas de algo injusto é respondermos da mesma forma. Quremos um remédio, algo que nos faça sentir menos mal e assim agirmos sem pensar pois o que queremos é magoar quem nos magoou, queremos vingança, uma das palavras mais feias e das mais negativas que existem, na minha opinião. 

Apesar de por vezes poder parecer, não conseguimos deixar de deixar de procurar uma forma de melhorar o que nos rodeia, é algo inato em nós. Por isso podemos começar por em vez de pensarmos que quem não gosta de nós, ou nos magoa, deveria estar no "inferno", deveríamos pensar que certamente é um "inferno" muito, mas muito maior magoar e fazer coisas más aos outros.

Penso que o desafio é encararmos as nossas perdas e injustiças com o melhor que temos cá dentro e não o contrário, ou seja, com a maior bondade e força que conseguirmos ter. Isto não significa, de todo, ser permissivo com o nosso "agressor", ou nem tão pouco consentir sermos vítimas de algo que consideramos mau ou abusivo para nós. Significa, sim, não nos perdermos e não perdermos também a nossa capacidade de superação. O nosso desejo de vingança, de desforra, deve ser substituído pelo de reparação, já que este, sim, pode-nos dar a verdadeira compensação face a uma situação injusta.

Sonho com um mundo justo, ou pelo menos muito mais justo do que este em que vivo. Um mundo em que a palavra injustiça não existisse. Se é uma utopia pensar assim? É, reconheço. Mas não é essa consciência que me vai impedir de fazer a minha parte, ou tão pouco perder a fé.

Imagem © Direitos reservados

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