Princípio da Semana #44

cri·an·ça- Menino ou menina no período da infância; Pessoa pouco séria, de pouco juízo; Menor de idade na faixa dos 0 aos 19 anos incompletos; Criação; Cria.

A primeira palavra que me surge quando penso em ser criança é pureza. Depois da pureza, vem a liberdade, a criatividade, a espontaneidade, a irreverência até. Quando pensamos em ser adulto surge imediatamente a ideia de ser sério, formal, disciplinado. Ser adulto pode-se resumir de forma muito simplista em assumir e cumprir responsabilidades.

Penso que na nossa sociedade há uma excessiva e algo esmagadora divisão entre ser criança e ser adulto. Quando em adultos alguém nos diz- "Pareces mesmo uma criança", isto tem uma conotação negativa. Sempre que o oiço, (e já o ouvi muitas vezes), oscilo muito entre pensar se é uma afirmação ou uma acusação... Coloco(-me), muitas vezes, a questão- Não será possível sermos crianças adultas e isso não ser visto como sendo necessariamente uma coisa má? Não será possível conseguirmos um equilíbrio interior que nos permita termos comportamentos de criança, quando sentimos necessidade, ou pura e simplesmente quando nos apetece?

Não concordo e nunca concordei com a, muito famosa, máxima de Rosseau, apesar de a ter ouvido e estudado vezes sem conta ao longo do meu percurso, que diz que "todos nascemos bons a sociedade que é que nos corrompe". Apesar de compreender, em mim, esta afirmação nunca me fez sentido pois acredito que seja possível que tal não aconteça. Apesar de todos, uns mais que outros, obviamente, passarmos por um processo de socialização, e de todos passarmos por muitas desilusões, dores, mágoas, acredito que seja possível nos mantermos sempre bons, puros, de certa forma incorruptíveis. Claro que temos que lutar por isso e principalmente ser fieis à nossa essência e a nossa essência vem do mais puro que há em nós, que começou a partir do momento que viemos a este mundo. É talvez das mais duras batalhas que temos que travar connosco e com a sociedade, o não perdermos a nossa, podemos chamar, infantilidade. E não deveria ser assim, pois não tenho a menor dúvida que o nosso equilíbrio interior vem da integração dos dois mundos: O da criança e o do adulto. Ambos existem em nós e não nos podemos apenas viver com um deles.

É imperativo para a nossa saúde mental, não perdermos a criança que existe dentro de todos nós. Acredito que seja "ela" que nos ajuda nos momentos mais difíceis, pois é a "ela" que vamos buscar força, é "ela" com a sua liberdade e sonhos que nos consegue fazer acreditar, vezes sem conta, que tudo há-de melhorar. Pois quando somos crianças e já temos alguma noção de realidade é assim que pensamos. Tudo há-de passar e melhorar. Deixamos o tempo fazer o seu papel. E em adultos temos muita, diria imensa, dificuldade em fazê-lo. Achamos sempre que temos de fazer coisas, de tomar decisões, seguir regras, normas de conduta, estar em constante movimento e muitas vezes não temos mesmo que fazer nada. e apenas seguir em frente.

Na passagem criança-adulto perdemos, muitas vezes, pelo caminho algo que nunca deveríamos perder- A magia. A nossa magia. A nossa magia é única. É composta pelos os nossos sonhos e esses convém (re)lembrar que nasceram connosco, quando somos crianças e que nunca, mas nunca os devemos perder.

"As crianças não têm passado, nem futuro, e coisa que nunca nos acontece, gozam o presente"- La Bruyère , Jean de

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