li·ber·da·de- Direito de proceder conforme nos pareça, contando que esse direito não vá contra o direito de outrem; Condição do homem ou da nação que goza de liberdade; Conjunto das ideias liberais ou dos direitos garantidos ao cidadão; Ousadia; Franqueza; Licença; Desassombro.
"Acto de possuir qualquer que seja uma escolha, decidir a própria vida, ter o poder de se expressar e fazer o que bem entender". Fiquei "presa" sobretudo nesta última parte da frase- Fazer o que bem entender... Nestes últimos dias é uma palavra, um sentimento em que tenho pensado muito. Num mês que, em Portugal, se celebram mais de 40 anos em que vivemos em Liberdade, pareceu-me um bom tema de reflexão. Será que é mesmo assim? Que utilizamos a 100% este direito adquirido de liberdade, de fazer o que bem entendemos? Será que somos assim tão livres?
À primeira vista, a resposta é óbvia, é sim. Mas, parece-me a mim que não. Que é mesmo muito fácil não o usarmos e que a maior parte de nós ainda está a "anos luz", de a sentir verdadeiramente. É verdade que podemos fazer coisas que não podíamos fazer há 40 anos atrás, coisas tão simples como estar numa esplanada em grupo, a conversar, a rir, falar alto se nos apetecer, mas e na nossa vida privada? No nosso quotidiano? Nas nossas relações? Será a nossa vida sempre baseada, neste conceito? De fazer o que bem entendemos? Quer queiramos quer não, vivemos em sociedade, o que automaticamente limita a nossa liberdade. Penso que somos e muitas vezes esmagados, autenticamente esmagados por regras, leis, convenções do que deve ser. Do que deve ser o nosso comportamento como seres humanos, sociais, como mulheres, maridos, colegas de trabalho, Mães, Pais, Filhos, Amigos, Tios, Tias, etc. Vivemos e sobretudo esmagados por regras nossas, internas, que ninguém, a não ser nós próprios, nos estipulou, ideias pré-concebidas e muitas vezes traumas que carregamos de experiências passadas, para o nosso presente. Onde fica o nosso eu, no meio de tantos papéis, onde cabe, dentro de nós, o fazer o que bem entendemos?
A verdadeira Liberdade vem do Amor e a maior parte das pessoas pensa no Amor como um sentimento que prende duas pessoas, mas o Amor é simplesmente uma forma de estar presente. É um querer que coisas boas aconteçam, é a essência do que temos de mais verdadeiro e genuíno em nós. É um estado interior, que por ser expressado, de várias maneiras, se torna real. Mas, o que acontece é que muitas vezes temos medo de perder o Amor (ou a aprovação), do "outro" se mostrarmos as nossas emoções. O medo de transtornar os outros, o medo de não sermos aceites como somos, faz muitas vezes com que não sejamos verdadeiros connosco próprios, e ai não somos livres, somos o que esperam de nós. Este tipo de juízos, vêm do mundo do medo e não do mundo da liberdade de expressão, que é no fundo o que os sentimentos realmente são. O que sentimos e sermos livres de expressá-lo é a forma mais pura forma de liberdade e o medo a maior castração que existe. Claro que este equilíbrio, (sempre o equilíbrio...), é uma linha muito fina e ténue. Gerir a relação entre Amor, Segurança, Liberdade, Apegos, é uma tarefa muito difícil de conseguir e que tem que ser um trabalho e exercício diário.
Uma coisa aprendi e estou em processo de o transformar numa rotina diária- Só conseguimos ser verdadeiramente felizes se nos sentirmos livres. É o tal estar preso por querer. Preciso, precisamos todos, de liberdade como do ar que respiramos, mesmo desempenhando a multiplicidade de papéis que desempenhamos. "A verdadeira liberdade é um acto puramente interior, como a verdadeira solidão: devemos aprender a sentir-nos livres até num cárcere, e a estar sozinhos até no meio da multidão". M. Bontempelli
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