Princípio da Semana #34

de·sar·ru·mar - Tirar do lugar, da ordem ou disposição conveniente; desarranjar;

Associamos muitas vezes a palavra desarrumar a um sentido negativo, se algo está desarrumado, não está "certo", ou correcto". É algo que parece anti- natura, pois remete-nos a coisas fora do lugar onde deveriam estar. Mas e por vezes é mesmo preciso desarrumar, desarrumarmo-nos para depois voltar a por tudo no sítio, na ordem, no caminho certo. Seja a nossa casa, o nosso roupeiro, as nossas relações, a nossa vida ou até a nossa maneira de estar. 

"Deixa a vida te desarrumar e saberás que estás vivo". Não poderia concordar mais. Gosto de desarrumar. Gosto de desarrumar as coisas, gosto de trocar o lugar das coisas, preciso até. Gosto de desarrumar regras e pessoas. Faço-o na minha vida pessoal e profissional também. Como Consultora de Imagem, desarrumo (e muito até). No desarrumar está implícito um sentido de inovação, de evolução. Defendo que é preciso desarrumar certezas, desconstruir tudo o que nos parece certo e eterno para nos conseguirmos reinventar a cada dia que passa.

A desarrumação ou arrumação externa, a visível, reflecte sempre a forma como nos sentimos. A começar pela nossa casa, a forma como a organizamos ou não, é sempre um reflexo do nosso estado de espírito e a forma como nos estamos a relacionar com os nossos afectos. Permitir alguns momentos de arrumação da casa, pode- nos ser, e é sem dúvida, extremamente renovador e necessário. Obriga-nos a parar, a ouvir a música que gostamos quando estamos connosco próprios, a vestir "aquela" roupa confortável que todos temos para estar em casa e ai começamos a abrir gavetas. A desarrumar para em seguida arrumar. Abrimos coisas que estão fechadas, objectos que acumulamos e não usamos, peças de roupa, sapatos, etc... que na maior parte das vezes não precisamos e não usamos. Vamo-nos questionando, " Há quando tempo não uso esta camisola? "Já nem me lembrava que tinha isto" "Para que é que comprei mesmo esta carteira?". 

Em cada parte da casa, encontramos várias coisas que já não nos servem, que já não gostamos e que certamente alguém lhes daria uso. Vamos retirando e pondo de lado, o que está sem uso e abrindo espaço para a o que realmente precisamos.

À medida que espalhamos o que vamos encontrando e revivemos fotos, bilhetes, recordações, vamos relembrando momentos alegres ou outros menos alegres e vamos sentindo todo um conjunto de sensações, de sentimentos e nesta desarrumação, neste questionamento interno aparentemente sobre coisas materiais, vamo-nos lembrando e associando coisas a situações, a momentos e ao mesmo tempo vamos sentido e deixando fluir esses sentimentos, emoções. Pensamos e sobretudo sentimos o tipo de sentimentos que temos guardados em nós, os antigos rancores, angústias ou apegos guardados numa qualquer gaveta. Cuidadosamente, é preciso ir abrindo todas estas gavetas, sacudir o pó e deixar sair todo este conjunto de emoções desalinhadas. Deixar sair pela janela, as mágoas e os ressentimentos. Não nos fazem falta. Nenhuma, mesmo. E a isto chama-se renovação. 

"As gavetas da alma também precisam de passar por uma desarrumação, para se adaptarem a uma nova ordem".

Imagem © Direitos reservados

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