Suficiente
Os ingleses têm uma expressão que gosto muito: “enough is
enough!”. Mas, quando é que sabemos que é suficiente? Quanto é que é suficiente
para parar de tentar? Quanto tempo é que é necessário para tentar engravidar?
Quanto é que se deve lutar por uma relação? Quanto é que se deve correr atrás
de alguém que não nos devolve metade do que damos? Quando é que devemos
desistir de uma profissão que não conseguimos ter? Quando é que estamos
suficientemente magras? Quando é que estamos suficientemente bonitas? Quando é
que estamos suficentemente felizes? Quando é que sabemos que é ele o pai dos
nossos filhos? Quando é que é altura de atirar a toalha ao chão? Persistir,
abdicar, arriscar, investir, partir para outra. Quando e quanto?
A Maria e o Pedro estão a tentar engravidar há dois anos sem
sucesso. Quanto tempo é suficiente? O Luís anda há 6 meses a tentar conquistar
a Rita. Quanto tempo é que é suficiente para saber que não vale a pena insistir
mais e que não vai conseguir tê-la? A Catarina e o João estão casados há 5
anos; a Catarina traiu o João há dois e desde aí as discussões são constantes.
Quando é que sabemos se basta de investir em algo que pode nunca mais voltar a
ser o que era ou se se deve continuar a lutar pelo nosso sonho? O Eduardo há 10
anos que tenta ser actor em Nova Iorque, sem sucesso. Quando é que sabemos que
é alturar de fazer a mala e voltar para casa? Como sabemos que devemos parar?
Quando é que é a altura de gritar: “chega!”?
Óbvio que ninguém sabe quando é que é suficiente. Porque há
sempre uma possibilidade de mais: mais amor, mais tempo, mais o que quer que
seja. Mais é melhor. Penso que tudo se resume a um misto de necessidade e
desejo como se esses sentimentos fossem o barómetro para continuar ou parar. E
depende sempre de cada um, individualmente. E do momento em que vivem. Às vezes
basta um sinal, uma pequena prova, o suficiente para saborear, para saber o que
se perde, o que se ganha. Outras vezes, pura e simplesmente, não há suficiente.
Porque o suficiente é tudo e queremos sempre mais.
Agora diz-me: já fizeste o suficiente?
Imagem © Direitos reservados
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