“Entra”, disse ela, com um sorriso que lhe colocou um brilho
no seu olhar.
Ele trazia um ramo de crisântemos brancos delicadamente
atados num fio de cetim cor-de-rosa. Na penumbra da sala iluminada pelas velas
encarnadas com aroma a morango que ela mantinha acesas, ouviam-se os grandes
êxitos de Barry White.
Abraçaram-se sem proferir nenhuma palavra. Um abraço quente
e forte que durou o equivalente ao tempo a que não se viam e, quando depois os
seus olhares se cruzaram, ela percebeu que ele estava ali. Debaixo daquela
armadura fria que ele havia vestido estava o Francisco que ela conhecia. O
Francisco que a queria e a desejava e ria com ela e crescia com ela e vivia
nela. Sem medos e sem restrições.
Quebrando o silêncio dos olhares, ele disse:
- Beatriz, deixa-me ter-te, amar-te, cuidar-te. Deixa-me ser
o homem que tu queres. Quero aprender tudo sobre ti. TUDO. O que gostas e o que
não gostas. Tu fazes-me sentir o meu melhor, querer ser o meu melhor. Fica
comigo.
Naquele momento o tempo abrandou e ela esqueceu todas as
vezes que tinha chorado por ele, dias a fio, noites atrás de noites, sozinha,
na sua cama, no sofá, no chão da sala, na banheira, ela e os seus pensamentos,
ela e os seus desejos.
Ficaram ali, no sofá, a observarem-se, a adorarem-se. Não
fizeram perguntas. Contaram histórias e riram-se a gargalhadas altas como era
seu costume e dormiram juntos nessa noite. Dormiram enleados um no outro na
cama que era dela e que agora não se encontrava mais vazia.
“Entra”, disse ela. E quando ele entrou as suas vidas
recomeçaram.
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