Dia de jogo:
Sábado
de manhã. Hoje é dia de jogo.
Famílias
madrugam para correr atrás dos sonhos de meninos jogadores de futebol e que
hoje têm mais uma prova para ultrapassar.
Ainda
com o sol a nascer, carros carregados de miúdos de fatos de treinos iguais,
excitados por mais um jogo, percorrem quilómetros em estradas mais ou menos
sinuosas. Porta bagagens cheios de bolas e cestos com camisolas, calções,
meias, chuteiras, ligas e caneleiras. E atrás destes, como em comitiva, pais,
mães, irmãos esperançosos e cheio de aspirações que carregam a energia e o
orgulho e os mimos e os lanches que os meninos irão ganhar no final do jogo.
Faça
chuva ou faça sol, debaixo de um calor infernal ou enregelados pelo frio,
acompanham as suas crianças e algumas depositam nelas o sonho não realizado da
infância, as frustrações de uma profissão que não puderam abraçar, o desejo e a
ambição incomensurável e por vezes desmesurada de ver o seu filho um dia vestir
a camisola de um grande.
O
som dos pitons no cimento, à saída do balneário, o apito do árbitro, as palmas,
as ovações, a relva sintética que queima a pele ou o pelado que se transforma
num monte de poças de lama nos dias em que a chuva também é espectadora são o
preâmbulo do que pode vir a acabar com abraços, pulos e festejos ou tristeza,
lágrimas, frustração.
Joelhos
esfolados da areia do pelado, homens irascíveis com faltas inventadas, mulheres
que gritam a plenos pulmões cânticos adaptados aos seus meninos e, no banco, o
treinador. Aquele que repreende, censura, ensina e dá colo. Aquele que também é
atacado e aplaudido e que também carrega o sonho de menino. Aquele que no final
do jogo volta de peito inchado para casa ou de semblante fechado, indisponível
para seja o que for, necessitado de digerir os seus erros e a impotência que
sente durante o jogo.
O
futebol é uma paixão. E como qualquer paixão, não se entende, sente-se. E é
este sentimento que move estes miúdos e graúdos.
Amanhã
é Sábado. Amanhã é dia de jogo.
Imagem © Direitos reservados
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